Muitos empreendedores se questionam sobre a possibilidade de conciliar diferentes formatos jurídicos para seus negócios, especialmente quando o assunto é o Microempreendedor Individual (MEI). Uma dúvida bastante comum e relevante é: quem tem CNPJ pode abrir MEI? A resposta direta para essa pergunta é geralmente não, mas a situação pode ser mais complexa do que parece, envolvendo regras e exceções importantes que todo empresário precisa conhecer para tomar as melhores decisões.
O MEI foi criado para formalizar pequenos negócios, oferecendo uma carga tributária simplificada e benefícios previdenciários. No entanto, sua natureza simplificada impõe algumas restrições. Se você já possui um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ativo, seja como sócio, administrador ou titular de outra empresa, as regras para se tornar um Microempreendedor Individual são bem específicas e, na maioria dos casos, impedem a abertura simultânea.
Compreender esses limites é fundamental para evitar problemas futuros com a Receita Federal e garantir a conformidade do seu empreendimento. Neste artigo, desvendaremos os requisitos para se tornar MEI, detalharemos as condições sob as quais um CNPJ existente pode ou não ser um obstáculo, e exploraremos as alternativas disponíveis para quem busca a formalização, mas encontra impedimentos na abertura do MEI. Continue a leitura e esclareça todas as suas dúvidas para planejar seus próximos passos com segurança.
O que é MEI e quais os requisitos para abrir
O Microempreendedor Individual (MEI) representa um modelo simplificado de formalização para autônomos e pequenos negócios. Criado em 2008, seu principal objetivo é tirar da informalidade milhões de trabalhadores, oferecendo um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) próprio, acesso a benefícios previdenciários e a emissão de notas fiscais, tudo isso com uma carga tributária muito reduzida e fixa.
Ser MEI significa ter um negócio que cumpre certas características, enquadrando-se em um regime tributário vantajoso chamado Simples Nacional. Essa modalidade descomplica a gestão empresarial, permitindo que o empreendedor foque no crescimento de sua atividade sem se preocupar excessivamente com burocracias complexas.
Para se tornar um Microempreendedor Individual, é necessário atender a uma série de critérios estabelecidos pela legislação. Os requisitos visam garantir que o perfil do empreendedor e do negócio se encaixem na proposta simplificada do MEI. Confira os principais:
- Faturamento Anual: O empreendimento deve ter um faturamento bruto de até R$ 81.000,00 por ano. Para quem abre o MEI no meio do ano, esse limite é proporcional aos meses de atuação.
- Tipo de Atividade: A atividade econômica exercida precisa estar na lista de ocupações permitidas para o MEI. Essa lista é extensa e abrange diversos setores, desde serviços até comércio e indústria.
- Não Ser Sócio ou Administrador: O empreendedor não pode ser titular, sócio ou administrador de outra empresa. Este é um ponto crucial que define a possibilidade de ter um MEI, especialmente para quem já possui um CNPJ.
- Número de Funcionários: É permitido contratar no máximo um empregado, que receba o salário mínimo ou o piso salarial da categoria.
- Ser Pessoa Física: A formalização é para o indivíduo que deseja empreender por conta própria.
O cumprimento desses requisitos é fundamental para a manutenção do status de MEI. Ao seguir essas diretrizes, o empreendedor pode desfrutar de todas as vantagens que a formalização oferece, incluindo acesso a linhas de crédito específicas e direitos como auxílio-doença e aposentadoria por idade.
Quem já possui CNPJ pode ser MEI?
Geralmente, quem já possui um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) ativo não pode ser MEI. Essa é uma das regras fundamentais para a formalização como Microempreendedor Individual, que foi criado com o propósito de formalizar atividades de baixo faturamento, operadas por um único empreendedor sem participação em outras empresas.
A legislação do MEI é clara ao estabelecer que o microempreendedor deve ser o titular de uma única empresa, atuando individualmente. Se você já tem um CNPJ, seja como sócio, administrador ou titular de outra natureza jurídica, as portas para o MEI estão, em princípio, fechadas.
Tipos de CNPJ que não podem virar MEI
A restrição para quem tem CNPJ e deseja abrir um MEI abrange diversas situações. Em essência, qualquer participação em outra empresa impede a formalização como Microempreendedor Individual. Isso inclui, mas não se limita a:
Sócio de outra empresa: Se você é sócio de uma Sociedade Limitada (Ltda.), Sociedade Anônima (S.A.) ou qualquer outra forma societária, mesmo que seja apenas um sócio cotista e não participe da administração, você não pode ser MEI.
Administrador ou titular de outra empresa: Seja como empresário individual (EI) ou em qualquer outra modalidade em que você seja o titular ou administrador, o impedimento é o mesmo. A ideia é que o MEI seja sua única e principal fonte de formalização empresarial.
Empresas de qualquer porte ou setor: Não importa se a outra empresa é de grande porte, microempresa (ME) ou empresa de pequeno porte (EPP), ou se atua em um setor completamente diferente. A simples existência de um CNPJ ativo em seu nome como sócio ou titular é um bloqueio.
Exceções e regras específicas
Embora a regra geral seja clara, é importante entender que não existem “exceções” no sentido de permitir que um CNPJ e um MEI coexistam para a mesma pessoa física. As situações que podem parecer exceções são, na verdade, condições que exigem a regularização ou baixa do CNPJ existente para que a pessoa possa se tornar MEI.
A única maneira de quem possui um CNPJ ativo se tornar MEI é dar baixa nesse CNPJ anterior. Ou seja, a pessoa física deve encerrar completamente suas atividades e sua participação na empresa já existente. Somente após a finalização desse processo e a certificação de que não há mais nenhum vínculo com outro CNPJ é que a pessoa estará apta a solicitar a abertura de um MEI.
É crucial não confundir a situação de pessoa física que é sócia de uma empresa com a possibilidade de ser MEI. A pessoa física pode ser sócia de diversas empresas, mas não pode ser MEI se tiver essa participação. O MEI destina-se ao empreendedor que atua por conta própria, sem sócios e sem participação em outras pessoas jurídicas, mantendo a simplificação e a baixa burocracia.
Portanto, para quem tem CNPJ e busca as facilidades do MEI, o caminho é a regularização da situação empresarial atual antes de qualquer tentativa de formalização como Microempreendedor Individual.
Como funciona a migração ou transformação de empresa em MEI
A ideia de “migrar” ou “transformar” uma empresa já existente em um Microempreendedor Individual (MEI) pode parecer uma solução prática para simplificar a gestão e reduzir a carga tributária. Contudo, é fundamental entender que essa transformação direta, de um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) já estabelecido (como uma Microempresa ou Empresa de Pequeno Porte) para o formato MEI, não é um processo comum ou simplificado dentro da legislação brasileira.
O MEI é uma modalidade jurídica específica, criada para formalizar trabalhadores autônomos e pequenos negócios que se encaixam em critérios bem rigorosos. Isso inclui um limite de faturamento anual, a possibilidade de ter apenas um funcionário, a proibição de ser sócio ou administrador de outra empresa, e a restrição a certas atividades econômicas. Uma empresa já constituída com outro formato jurídico, com sócios, faturamento superior ao limite do MEI ou atividades não permitidas, não pode simplesmente “converter” seu registro para o de um MEI.
Na prática, o que ocorre mais frequentemente é a migração no sentido oposto: um MEI que cresceu, ultrapassou o limite de faturamento ou precisa de sócios, é quem migra para uma Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP). O caminho inverso para quem já tem um CNPJ ativo em outro formato e deseja se tornar MEI envolve, geralmente, um processo mais complexo e indireto.
Para um empreendedor que já possui uma empresa (não MEI) e deseja operar exclusivamente como MEI, a rota mais viável seria o encerramento da empresa existente (baixa do CNPJ) e, posteriormente, a abertura de um novo MEI. Essa decisão exige uma análise cuidadosa das condições da antiga empresa, como dívidas e obrigações, além de verificar se o empreendedor realmente se qualifica para ser MEI, atendendo a todos os requisitos, inclusive o de não possuir participação em outra empresa.
É crucial que o empreendedor esteja ciente de todas as implicações legais e financeiras antes de tomar qualquer decisão. A consulta a um contador é indispensável para avaliar a viabilidade dessa mudança e garantir que todos os procedimentos sejam realizados corretamente, evitando problemas futuros com a Receita Federal ou outros órgãos.
Alternativas caso não seja possível abrir MEI
Se, ao verificar as regras, você constatar que não pode abrir um MEI – por já possuir um CNPJ ou não atender a outros critérios – saiba que há outras vias para formalizar seu negócio. Conhecer essas alternativas é crucial para garantir a conformidade legal e aproveitar benefícios fiscais e segurança jurídica.
A escolha do formato jurídico ideal dependerá de fatores como faturamento projetado, existência de sócios e o nível de proteção patrimonial desejado. Veja as principais opções:
- Empresário Individual (EI): Permite atuar sem sócios, com faturamento superior ao MEI. Contudo, não há separação entre o patrimônio pessoal e empresarial, expondo seus bens particulares a dívidas da empresa.
- Sociedade Limitada Unipessoal (SLU): Ideal para quem quer formalizar-se individualmente, mas com a vantagem da separação de patrimônios. Sua responsabilidade é limitada ao capital social, protegendo seus bens pessoais. Não exige capital social mínimo elevado.
- Sociedade Limitada (LTDA): Se você terá sócios, a LTDA é a modalidade mais comum. Oferece separação de patrimônio e limita a responsabilidade dos sócios ao valor de suas cotas no capital social, sendo uma estrutura bastante flexível.
Essas modalidades podem se enquadrar como Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP), com regimes tributários como o Simples Nacional. A decisão deve considerar burocracia, custos e responsabilidades.
Recomenda-se buscar a orientação de um contador ou especialista jurídico. Esse profissional avaliará seu caso, projeções e características da sua atividade para indicar a melhor alternativa e auxiliar no processo de abertura, garantindo a decisão mais acertada.
Perguntas frequentes sobre MEI e CNPJ
A dúvida sobre a compatibilidade entre o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e o Microempreendedor Individual (MEI) é uma das mais frequentes entre empreendedores. Para esclarecer os pontos principais, abordamos aqui as situações mais comuns e suas respectivas respostas, ajudando a compreender melhor as restrições.
Em geral, quem já possui um CNPJ ativo não pode abrir MEI. A legislação do Microempreendedor Individual é clara ao estipular que o MEI não pode ser sócio, administrador ou titular de outra empresa. Esta regra visa manter a natureza simplificada e individual do MEI, que é um regime desenhado para formalizar trabalhadores autônomos e pequenos negócios sem complexidade societária.
Se você é sócio de uma empresa, mesmo que não seja o administrador, as chances de poder abrir um MEI são mínimas. A exceção mais rara e específica ocorre quando o empreendedor é apenas um cotista minoritário, sem qualquer poder de administração na outra empresa e esta não participa do regime do Simples Nacional. Contudo, essa situação é bastante pontual e exige uma análise aprofundada para evitar desenquadramento futuro do MEI.
Outra pergunta comum é sobre o que acontece se um MEI decidir abrir uma nova empresa com outro CNPJ. Nesse caso, o MEI será desenquadrado automaticamente e perderá os benefícios do regime, sendo necessário migrar para outro formato jurídico, como a Microempresa (ME) ou Empresa de Pequeno Porte (EPP). O mesmo ocorre se um titular de CNPJ tenta abrir um MEI; a solicitação será negada ou o MEI será automaticamente cancelado após a identificação da irregularidade.
É fundamental entender que a fiscalização da Receita Federal é contínua. Tentar burlar as regras, mantendo um CNPJ ativo e abrindo um MEI concomitantemente, pode acarretar multas e a necessidade de recolhimento de impostos retroativos com juros. Portanto, a transparência e a conformidade legal são essenciais para a saúde do seu negócio a longo prazo.
Para quem já tem um CNPJ e deseja empreender em outra atividade de forma simplificada, é mais adequado considerar a abertura de uma nova empresa (como uma ME ou EPP) ou buscar alternativas de formalização que se encaixem nas suas condições atuais, sempre com o suporte de um contador para evitar problemas futuros.












